quinta-feira, 1 de setembro de 2016

MINIBIO-BIBLIOGRAFIA DO PAPA FRANCISCO

Por Adalberto de Queiroz (Goiânia, GO)

Nascido em Buenos Aires e batizado como Jorge Bergoglio, o papa Francisco veio ao mundo – aos “confins do mundo” – como disse e a imprensa repetiu quando foi sagrado papa no dia 17 de dezembro de 1936. Recebeu sua ordenação sacerdotal em 1969 e, em 1992, foi ordenado Bispo. Em 1998, tornou-se o Arcebispo de Buenos Aires e foi criado Cardeal de São Roberto Belarmino no ano de 2001. Foi no dia 13 de março de 2013 que, sob o título de Francisco, Bergoglio tornou-se o primeiro papa latino-americano.

No website do Vaticano, encontramos informações preciosas sobre a pessoa e a ação do papa Francisco, antes e durante o seu pontificado.
Jorge, um arcebispo simples
O primeiro Papa americano é o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio, 79 anos, que foi arcebispo de Buenos Aires. Considerado “uma figura de destaque no continente inteiro e um pastor simples e muito amado na sua diocese, que conheceu por inteiro, viajando como homem comum de metrô e de ônibus, ou deslocando a pé, durante os quinze anos do seu ministério episcopal.”

«O meu povo é pobre e eu sou um deles», disse Francisco, quando arcebispo, várias vezes para explicar a escolha de morar num apartamento e de preparar o jantar sozinho. Aos seus sacerdotes sempre recomendou misericórdia, coragem apostólica e portas abertas a todos. A pior coisa que pode acontecer na Igreja, explicou nalgumas circunstâncias, «é aquilo ao que de Lubac chama mundanidade espiritual», que significa «pôr-se a si mesmo no centro». E quando citava a justiça social, convidava em primeiro lugar a retomar nas mãos o catecismo, a redescobrir os dez mandamentos e as bem-aventuranças. O seu programa é simples: se seguirmos Cristo, compreenderemos que «espezinhar a dignidade de uma pessoa é pecado grave».

Não obstante essa índole reservada — a sua biografia oficial é de poucas linhas, pelo menos até à nomeação como arcebispo de Buenos Aires — tornou-se um ponto de referência devido às suas tomadas de posição fortes durante a dramática crise económica que abalou o país em 2001.


O papa é filho de emigrantes do Piemonte que chegaram à Argentina na leva de imigrantes que ocupou e forjou a face do novo continente. Seu pai, Mário, trabalhava como contabilista na estrada de ferro; e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos.


Diplomou-se como técnico químico, e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto. A 11 de Março de 1958 entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Completou os estudos humanísticos no Chile e, tendo voltado para a Argentina, em 1963 obteve a licenciatura em filosofia no colégio de São José em San Miguel. De 1964 a 1965, foi professor de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, ensinou estas mesmas matérias no colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970 estudou teologia, licenciando-se também no colégio de São José.

A 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo D. Ramón José Castellano. De 1970 a 1971 deu continuidade à sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha, e a 22 de Abril de 1973 emitiu a profissão perpétua nos jesuítas. Regressou à Argentina, onde foi mestre de noviços na Villa Barilari em San Miguel, professor na faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e também reitor do colégio.

No dia 31 de Julho de 1973 foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, cargo que desempenhou durante seis anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e inclusive pároco em San Miguel. No mês de Março de 1986 partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento; em seguida, os superiores enviaram-no para o colégio do Salvador em Buenos Aires e sucessivamente para a igreja da Companhia, na cidade de Córdova, onde foi director espiritual e confessor.

O cardeal Antonio Quarracino convidou-o a ser o seu estreito colaborador em Buenos Aires. Assim, a 20 de Maio de 1992 João Paulo II nomeou-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. No dia 27 de Junho recebeu na catedral a ordenação episcopal do cardeal. Como lema, escolheu “Miserando atque eligendo” e no seu brasão inseriu o cristograma IHS, símbolo da Companhia de Jesus. A expressão em latim de seu brasão vem do evangelho de São Mateus: «Vidit ergo Iesus publicanum et quia miserando atque eligendo vidit, ait illi Sequere me» (Viu Jesus um publicano e dado que olhou para ele com sentimento de amor e o escolheu, disse-lhe: Segue-me!).


O Cardeal e o escritor

Concedeu a sua primeira entrevista como bispo a um pequeno jornal paroquial, «Estrellita de Belén». Tendo sido imediatamente nomeado vigário episcopal da região Flores, a 21 de Dezembro de 1993 foi-lhe confiada inclusive a tarefa de vigário-geral da arquidiocese. Portanto, não constituiu uma surpresa quando, a 3 de Junho de 1997, foi promovido arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Nem sequer nove meses depois, com o falecimento do cardeal Quarracino, sucedeu-lhe a 28 de Fevereiro de 1998 como arcebispo, primaz da Argentina e ordinário para os fiéis de rito oriental residentes no país e desprovidos de ordinário do próprio rito. Três anos mais tarde, no Consistório de 21 de Fevereiro de 2001, João Paulo II criou-o cardeal, atribuindo-lhe o título de São Roberto Bellarmino. Convidou os fiéis a não virem a Roma para festejar a púrpura, mas a destinar aos pobres o dinheiro da viagem.
Mesmo não sendo um intelectual, como seu antecessor o papa emérito Bento XVI (Joseph Ratzinger), Francisco é Grão-chanceler da Universidade católica argentina e autor dos livros “Meditaciones para religiosos” (1982), “Reflexiones sobre la vida apostólica” (1986) e “Reflexiones de esperanza” (1992) e “Sobre o céu e a terra” (2010), em co-autoria com o rabino Abraham Skorka.
Em Outubro de 2001, foi nomeado relator-geral adjunto da décima assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, dedicada ao ministério episcopal. Uma tarefa que lhe foi confiada no último momento, em substituição do cardeal Edward Michael Egan, arcebispo de Nova Iorque, obrigado a permanecer na pátria por causa dos ataques terroristas de 11 de Setembro. No Sínodo, sublinhou de modo particular a «missão profética do bispo», o seu «ser profeta de justiça», o seu dever de «pregar incessantemente» a doutrina social da Igreja, mas também de «expressar um juízo autêntico em matéria de fé e de moral».
Na América Latina a sua figura tornava-se cada vez mais popular. Não obstante isto, não perdeu a sobriedade da índole, nem o estilo de vida simples e rigoroso, que chegou a ser definido quase «ascético». Com este espírito, em 2002 recusou a nomeação a presidente da Conferência episcopal argentina, mas três anos mais tarde foi eleito para tal cargo e depois confirmado por mais um triênio em 2008. Entretanto, em Abril de 2005, participou no conclave durante o qual tinha sido eleito Bento XVI.
Sua capacidade de diálogo inter-religioso está comprovada em suas múltiplas iniciativas de aproximar-se das demais crenças religiosas e a prova vem de longe. Francisco escreveu um livro primoroso em co-autoria com o rabino de Buenos Aires, abrahm Skorka, intitulado “Sobre o céu e a terra” (2010), traduzido no Brasil em 2013 por Sandra Martha Dolinksy.
Para um dos mais importantes jornalistas brasileiros, Elio Gaspari, articulista da Folha de São Paulo e de O Globo, “Sobre o céu e a terra é uma obra inteligentíssima e quem desfrutá-la viverá umas boas duas horas”. O diálogo é franco entre o rabino Skorka e o hoje papa Fracisco e nessa conversa de coração aberto não evitaram assuntos mais difíceis como o aborto, a eutanásia e o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Os diálogos de “Sobre o céu e a terra” mostram aos leitores duas pessoas simples, dois homens eruditos que acreditam no diálogo e que “caminham com respeito e afeto, na presença de Deus e procurando ser irrepreensíveis”. O livro atesta, segundo Francisco, um caminho possível pois o papa considera o rabino Skorka como “irmão e amigo” e crê que ambos não deixam ao longo das reflexões do livro de “olhar com os olhos do coração o fronstispício da Catedral de Buenos Aires, tão expressivo e promissor” – este representa o encontro de José do Egito com seus irmãos.
“Décadas de desencontros confluem nesse abraço. Ele envolve pranto, e também um perfunta íntima: meu pai ainda vive? Não sem razão, essa imagem foi posta ali nos tempos da organização nacional da Argentina [entre 1852-1880], porque representava o anseio de reencontro dos argentinos. A cena faz referência ao trabalho para instaurar uma ‘cultura do encontro’ – diz o Papa.


“O diálogo nasce de uma atitude de respeito pela outra pessoa, de um convencimento de que o outro tem algo de bom a dizer; implica abrir um lugar em nosso coração para o ponto de vista do outro, sua opinião e sua proposta. Dialogar implica uma acolhida cordial e não uma condenação prévia. Para dialogar é preciso saber baixas as defesas, abrir as portas de casa e oferecer calor humano”.

O papa constata que as barreiras do cotidiano são muitas a impedir o diálogo: “a desinformação, a fofoca, o preconceito, a difamação, a calúnia. Todas essas realidades configuram certo sensacionalismo cultural que sufora toda abertura em relação aos outros. E, assim, ficam travados o diálogo e o encontro”. 


A primeira encíclica integralmente de autoria do Santo Padre o Papa Francisco, “Laudato Sì”, segundo Carlos Ramalhete “é nada mais nada menos que a síntese que faltava da Doutrina Social da Igreja, preenchendo a brecha magisterial que a lógica e a fé católica já sabiam como se preenchia, mas que não fora ainda explicitada magisterialmente, entre a ratio divina, a ordem de todas as coisas, e a sociedade humana”. Ver artigo de Carlos Ramalhete nesta página.



Antes de ser sagrado papa, Francisco foi membro das Congregações para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família, e da Pontifícia Comissão para a América Latina. O artigo anexo assinado pelo colunista da Gazeta do Povo (Curitiba) mostra em resumo a face do Papa Francisco e estas notas se encerram com a Oração com que Francisco fecha suas reflexões na mais importante Exortação Apostólica sobre o tema Família. Pela extensão do documento, deixamos o link curto para que o leitor possa consultá-la na internet: http://bit.ly/29fC2z1



Jesus, Maria e José,
em Vós contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e divisão;
e quem tiver sido ferido ou escandalizado
seja rapidamente consolado e curado.
Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes
do carácter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projecto de Deus.
Jesus, Maria e José,
ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.
Amém.


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