quarta-feira, 1 de junho de 2016

A CANTIGA DAS LAVADEIRAS É MÚSICA QUE ECOA NA FLORESTA

Por Onã Silva  (Presidente da Academia Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem - IPÊ, Brasília, DF)

Arrastando a alpercata de couro
Lá vem a lavadeira
A Rainha Equilibrista
E sua coroa de algodão
Uma trouxa balofa na cabeça
E uma lata de farofa na mão.

Cantarolando, some pela estrada
Atrás da procissão de lavadeiras
Caleja os pés no cascalho
Até encontrar o riacho risonho
Que corre às gargalhadas
E abraça o mundo
cantando chuá, chuá!

A rainha do rio senta-se no trono
Uma pedra gorducha e cascorenta
Brinca com as piabas, conta prosa.
Assobia com os passarinhos
O refrão das mulheres que lavam:
Ensaboa, esfrega
bate e torce.

Ajoelhadas, estas mulheres reinam nas águas
Reverentes, diante do quaradouro
– o altar verdejantemente carinhoso
Beija muda por muda de roupa
Deixando-as brancas, brilhantes,
cheirosas,
como a alma de lavadeira.


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