terça-feira, 1 de março de 2016

CAMILO NÃO PODE SER BIBLIOTECÁRIO, PORQUE GOSTAVA DE MULHERES...

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Estamos no ano de 1858. João Nogueira Gandra, falecera a 5 de Dezembro, deixando o lugar vago, no Biblioteca da cidade do Porto.
Camilo Castelo Branco pensou que seria ocasião ideal para obter rendimento certo, e habilitou-se ao cargo, de bibliotecário. Para isso solicitou ao deputado José Barbosa da Silva, seu amigo, que o recomendasse junto do Governo.
O lugar era cobiçado por muitos, que tinham a seu favor, diploma, atestando o “saber”, passado por uma Universidade.
Camilo era autodidacta, de vasta cultura. Frequentara a Escola Médica e o Seminário, mas não concluirá nada. A sua credencial: era de escritor de indiscutível mérito, romancista de grande sucesso; de primeira plana, na literatura portuguesa.
Alexandre Herculano, ao saber da pretensão do escritor, escreve a 19 de Dezembro de 1858, na primeira página, do periódico lisboeta: “ Jornal do Comércio”: “ (…) Camilo Castelo Branco é um dos escritores mais fecundos do Pais, e, indiscutivelmente, o primeiro romancista portugueses.”
E, asseverava, que a melhor escolha da Câmara portuense e do Governo, seria nomeá-lo para o cargo.
Mas Camilo tinha muitos inimigos. Não era bacharel, e havia ainda, o escândalo de se ter apaixonado por Ana Plácido – casada com o capitalista Manuel Pinheiro Alves, – cunhada do filho da celebre Ferreirinha, viúva de António Bernardo Ferreira.
Inimigos do escritor, quiçá familiares dos pretendentes, ao cargo, escreveram cartas anónimas ao Presidente do Conselho, dizendo-lhe: que Camilo era mulherengo incorrigível, e detestado na cidade do Porto.
Concluindo: a 24 de Fevereiro de 1859, foi nomeado bibliotecário da Biblioteca do Porto, Eduardo Augusto Allen.
Em 1860, Camilo seria preso por adultério, visto viver na companhia de Ana Plácido (esposa de Manuel Pinheiro Alves,) com quem viria a casar, a 9 de Março de 1888, – depois da morte de Pinheiro Alves, – num prédio da rua de Santa Catarina, no Porto. Actualmente redacção do jornal: “A Ordem”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário