quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O MEDO À BÍBLIA

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Todos sabem que em tempos medievais, ler a bíblia era crime grave. Crime que penalizava raros, pois só os que conheciam latim, tinham acesso ao Livro; e esses eram quase todos sacerdotes, por isso, estavam livres de castigo.
Do assunto e muito mais, conta Mário Martins, em livro do Instituto de Cultura Portuguesa.
Mas, em tempos quase contemporâneo, na primeira metade do século XX, ainda o acesso ao Livro, estava interdito à maioria dos portugueses.
Meu pai asseverava, que em menino, escutara a sacerdotes: que quem tivesse Bíblia, de capas pretas e folhas vermelhas, sem aprovação eclesiástica, devia queimar. Eram falsas, Mas as católicas, as que tinham aprovação eclesiástica, eram raras, e ninguém as recomendava, pelo menos abertamente.
Numa manhã de domingo, minha bisavó Júlia, ouvindo dizer a católicos entendidos e a padres, que as Bíblias protestantes deviam ser queimadas, meteu dois volumes, ricamente ilustrados, editados pela Empresa Editora de Bíblia Sagrada Ilustrada - 1893, numa saca de pano, e encaminhou-se para a sacristia da paróquia, para falar com o abade.
O padre procurou a autorização eclesiástica e não a encontrando, disparou:
- É falsa….Queimar é pena! …deixe ficar comigo.
Minha bisavó era simples, mas não parva. Meteu os volumes na saquita e retorquiu, erguendo os ombros:
- Se servem para o Sr. Abade, também servem para mim!
Chegou-me, agora à memória, episódio curioso, ocorrido comigo:
Quando tinha vinte anos, era amigo de pastor evangélico, que insistia para participar nas aulas dominicais.
Fui, e foram bem proveitosas. Cresci espiritualmente. Nas aulas sempre recomendava o uso de Bíblias não anotadas, portanto evangélicas.
Certa ocasião, convidou-me para almoçar em sua casa. Enquanto a esposa preparava a refeição, mostrou-me o escritório.
Visionei as estantes e descobri a Bíblia das Paulistas. Não me contive:
- Recomenda não consultar a Bíblia católica, porque são anotadas, e afinal aqui está uma! …
Surpreendido pela descoberta, esclareceu-me:
- Tenho Bíblias católicas, porque são de grande utilidade: além de esclarecerem passagens obscuras, situa-nos geograficamente. Consulto-As assiduamente.
Fiquei a saber, que são úteis para os pastores, mas não para os fiéis!
Há seitas, que para poderem defender pontos de vista, mudam, nas suas edições, a pontuação, e usam traduções incorrectas. Por isso, ao adquirir uma Bíblia, não católica, deve-se verificar se foi editada pela Sociedade Bíblica.
Nas últimas décadas, a Igreja, anda empenhada na divulgação da Bíblia e tudo tem feito para que os crentes façam leituras diárias, pelo menos do Evangelho.

E ainda bem que assim é, pois é pena, que a ignorância do Seu contudo, leve intelectuais e figuras publicas a proferirem erros crassos, quando falam de cristianismo.

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