quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A LENDA DO MUNDO SUBTERRÂNEO


Por Paccelli José Maracci Zahler

1. Introdução

Os pesquisadores e exploradores, como os russos Nicholas Notovich e Nicholas Roerich, viajando pela Ásia Central disseram ser comuns as histórias sobre a existência de um mundo subterrâneo no qual viveriam os grandes mestres e benfeitores da humanidade.
Tais relatos têm inspirado romancistas e aventureiros e são objetos de estudo de muitas sociedades e grupos esotéricos e ocultistas, principalmente, teosóficos.
Há indícios de que Adolf Hitler teria patrocinado várias expedições científicas pelo Norte da Índia e Tibete em busca de passagens para o mundo subterrâneo onde viveria o Senhor ou Rei do Mundo. Uma aliança política com esse povo poderia representar o controle de todos os países.
Para entender a história do Mundo Subterrâneo é necessário conhecer a hipótese de que a Terra é Oca.

2. A Terra Oca

Desde o início do século, alguns exploradores, dentre eles o russo Dumbrova e o contra-almirante Richard E. Byrd, têm chamado a atenção para a idéia de que existiria uma terra inexplorada além dos Pólos Norte e Sul.
Em fevereiro de 1947, o contra-almirante Byrd realizou um vôo de 2.730 km através do Pólo Norte, tendo descrito uma região montanhosa, com lagos, rios, vegetação e vida animal. O mesmo feito repetiu-se no Pólo Sul, entre novembro de 1955 e março de 1956, revelando "um território novo e vasto", um "continente encantado no céu, terra de perpétuo mistério", nas próprias palavras de Byrd.
O tema já havia sido explorado pelo escritor francês Júlio Verne no livro VIAGEM AO CENTRO DA TERRA, publicado em 1864. Neste livro, o personagem principal, Prof. Lindenbrock, seu sobrinho Axel e um guia islandês partem para uma expedição ao centro da Terra, encontrando uma região com vida pré-histórica e restos de uma antiga civilização.
Entretanto, o primeiro a formular uma teoria sobre a Terra Oca, com abertura nos Pólos, foi o escritor americano William Reed, no livro PHANTOM OF THE POLES, publicado em 1906. Segundo ele, "a Terra é oca e os Pólos, há tanto buscados, são fantasmas. Há aberturas nas extremidades norte e sul. No interior, estão grandes continentes, oceanos, montanhas e rios. É evidente a vida vegetal e animal neste Novo Mundo, que é provavelmente povoado por raças desconhecidas dos moradores da superfície da Terra".
Em 1920, outro escritor americano, Marshall B. Gardner, no livro A JOURNEY TO THE EARTH S INTERIOR OR HAVE THE POLES REALLY BEEN DISCOVERED? apresenta o mesmo conceito da estrutura oca da Terra defendido por William Reed, divergindo na crença da existência de um sol central que originaria o fenômeno da aurora boreal. A Terra teria aberturas circulares em seus Pólos; e a água dos oceanos, que flui através destas aberturas, se aderiria à crosta sólida, tanto em cima quanto embaixo, uma vez que o centro de gravidade se situaria no meio da parte sólida e não no interior oco. Assim, se um barco navegar através da abertura polar e alcançar o interior da Terra, continuaria navegando, em direção oposta no lado de dentro da crosta, podendo atingir o Pólo oposto.
Segundo os dois autores, o clima do interior da Terra seria subtropical, "livre do calor opressivo dos trópicos bem como do frio intenso das zonas temperadas", exatamente como descrito por Júlio Verne.
No livro THE HOLLOW EARTH, publicado em 1969, e que no Brasil recebeu o título de A TERRA OCA, Raymond Bernard, estudando as teorias de William Reed e de Marshall B. Gardner, e relacionando-as com os relatos dos exploradores dos Pólos, principalmente do contra-almirante Richard E. Byrd, tenta provar que a Terra é realmente oca, com aberturas nos Pólos, que em seu interior existe vida animal, vegetal e humana; e que lá existiria uma civilização avançada, detentora da tecnologia dos discos-voadores.

3. Agharta ou Mundo Subterrâneo

Uma vez entendido o conceito da Terra Oca e admitida a possibilidade da existência de um continente no interior do planeta, fica mais fácil compreender a lenda do mundo subterrâneo.
No livro CIDADES PERDIDAS DA CHINA, ÍNDIA E ÁSIA CENTRAL, publicado em 1988, David H. Childress afirma que nessas regiões as histórias sobre os reinos subterrâneos de Agharta e Shamballah são muito comuns, porém contraditórias. Às vezes, se diz que Agharta é um reino subterrâneo que tem como capital Shamballah; outras vezes, que são reinos distintos, havendo entre eles um certa disputa. A mais aceita, no entanto, parece ser a primeira.
O reino de Agharta teria sido fundado por sobreviventes do continente perdido de Atlântida quando este foi engolido pelas águas do Oceano Atlântico há cerca de 11.500 anos.
Os atlantes (habitantes de Atlântida) teriam conhecimento desse mundo subterrâneo e teriam contruído túneis interligando as principais cidades do mundo antigo entre si e com o continente no interior da Terra. Quando Atlântida começou a afundar, eles se refugiaram no interior da Terra com todos os seus sábios.
Acredita-se que a cidade de Lhasa, no Tibete; que a base da Pirâmide de Gizeh, no Egito; que as principais cidades astecas, maias e incas possuem túneis interligando-as à Shamballah. Até mesmo no Brasil, mais especificamente no Planalto Central, GO, e Serra do Roncador, MT, existiriam passagens que conduziriam à Shamballah, pois os atlantes teriam estabelecido colônias nessas regiões. Há quem relate túneis na região de Joinville, SC, e cidades perdidas atlantes na região amazônica.

4. A vida em Agharta

A civilização de Agharta seria uma continuação da civilização atlante, amante da paz e dedicada à pesquisa científica, sendo capaz de aproveitar as forças naturais, como demonstrado pelos discos-voadores.
Seu dirigente seria o Rei ou Senhor do Mundo cujo representante na Terra seria o Dalai Lama.
Durante vários anos, Agharta teria enviado à superfície vários emissários para ensinar a espécie humana e salvá-la de guerras, catástrofes e destruição. Os principais emissários seriam Quetzalcoatl, Jesus Cristo, Buda, Manco Copac e Kut-Humi.
O épico hindu Ramaiana descreve Rama como um dos emissários de Agharta, o qual teria vindo à superfície da Terra em um veículo aéreo, chamado vimana, que nada mais seria que um disco-voador. Uma tradição chinesa fala de professores divinos vindos em veículos aéreos.
Diz-se que Osíris teria sido, também, um emissário de Agharta e que Salomão havia sido presenteado com um vimana o que teria permitido o seu deslocamento pela Ásia Oriental.
Agharta teria alcançado um elevado grau de civilização, de organização econômica e social, e de progressos culturais e científicos. Suas cavernas seriam iluminadas por uma luz resplandescente que permitiria o cultivo de vegetais e proporcionaria a seus habitantes uma vida longa e livre de doenças. Lá, praticamente não haveria velhice nem morte.
Os sexos viveriam separados e não existiria casamento. Cada um seria livre e independente. As crianças seriam criadas coletivamente por professores especiais e sustentadas pela comunidade.
Pelo exposto, pode-se verificar que o livro, posteriormente transformado em filme, HORIZONTE PERDIDO, com a atriz Liv Ullman, foi baseado na lenda de Agharta com as adaptações necessárias para o cinema.
No livro OUR PARADISE INSIDE THE EARTH, o escritor americano Theodore Fitch diz que os discos-voadores são veículos para viagens atmosféricas que vêm do interior oco da Terra. Seus pilotos são pequenos e servem a uma raça superior (atlantes). Não aparentam ter mais de 30 anos de idade, são muito inteligentes, falam livremente de forma rápida, certa e objetiva. Respondem a todas as perguntas, contudo mentem a respeito de coisas que não querem que as pessoas saibam, ocultando sua origem subterrânea e fingindo vir de outros planetas. Em geral, se vangloriam de sua mentalidade e conhecimento superiores, afirmando conhecer todos os idiomas da Terra.
É interessante observar que a descrição acima coincide com o relato de pessoas que afirmam peremptoriamente ter tido contato com seres "do espaço".

5. A busca de Agharta

Muitas viagens têm sido empreendidas e patrocinadas por grupos ocultistas e esotéricos para encontrar as passagens para o Mundo Subterrâneo. Uma das mais famosas foi realizada pelo coronel Percy Harrison Fawcett, em 1925, à Serra do Roncador, MT, da qual nunca voltou. Segundo Hermes Leal, autor do livro CORONEL FAWCETT-A VERDADEIRA HISTÓRIA DO INDIANA JONES, o coronel Fawcett teria pertencido à Maçonaria e ela teria sido uma das patrocinadoras de sua expedição.
Durante o período em que esteve no poder, Adolf Hitler teria organizado pesquisas em busca da Agharta pois, segundo a doutrina oculta nazista, lá viviam os Super-Homens. Assim, em abril de 1942, teria enviado uma expedição naval para a ilha de Ruegen, no Mar Báltico, com o objetivo de tirar fotografias da armada britânica, mirando com a câmera para cima e fotografando atrás do centro da Terra Oca.
Diz-se que Madame Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, conseguiu fazer contato com mestres de Shamballah e recebido instruções importantes para o desenvolvimento de sua doutrina.
A busca de Agharta continua e, segundo Raymond Bernard, a nação que a encontrar e com ela estabelecer alianças, tornar-se-á a maior do mundo.

6. Considerações finais

Segundo algumas lendas orientais, os habitantes do Mundo Subterrâneo dividiram-se em dois grupos. Os de Agharta seguiram o "caminho da direita", da meditação e da bondade; os de Shamballah, o "caminho da esquerda", do mal, da violência.
Shamballah seria uma cidade de ocultistas negros, cuja força comandaria os elementos e a humanidade através da telepatia, hipnose, mediunidade e outros meios ocultos, a fim de acelerar a chegada da raça humana ao "ponto crucial", provavelmente o Armagedon. Há quem afirme que emissários shambalistas foram enviados à Alemanha para ajudar os nazistas e que, após a derrota, Adolf Hitler teria ido para o Tibete e se estabelecido em Shamballah.
É interessante observar que a antiga religião tibetana Bon, segundo David Childress, afirma ter-se originado em Shamballah. Seu símbolo é uma suástica virada para a esquerda, igual à nazista; os budistas também utilizam uma suástica virada para a direita, simbolizando o "caminho da direita", em oposição ao ocultismo negro, e, quando chegaram ao Tibete, buscaram suplantar pacificamente a religião Bon .
Segundo a tradição, tanto Agharta como Shamballah se conectam em todos os grandes mosteiros do Tibete por um sistema de passagens subterrâneas, cuja entrada é proibida aos forasteiros e guardada por monges.
Shamballah é descrita como um vale maravilhoso e exuberante nas altas montanhas, com uma torre de jade maciço, de onde se irradia uma luz possante.
Tanto em Agharta como em Shamballah podem ser vistas fantásticas invenções e artefatos e seus visitantes costumam sair abismados com o esplendor e a beleza dos lugares, embora tudo seja uma ilusão mental.
Segundo o Prof. Henrique J. de Souza, da Sociedade Teosófica Brasileira, em todas as raças da humanidade existe a tradição de uma Terra Sagrada ou Paraíso Terrestre, a qual somente pode ser conhecida por pessoas merecedoras, puras e inocentes. O caminho para ela constitui a motivação central e a chave mestra de todos os ensinamentos misteriosos e sistemas de iniciação no passado, presente e futuro. Esta chave era designada pelos antigos rosacrucianos pela sigla vitriol , formada pelas primeiras letras da frase latina "vista interiora terrae rectificando invenes omnia lapidem" , para indicar que no interior da Terra está oculto o verdadeiro mistério.

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