sábado, 1 de outubro de 2011

PERFIL: CLÁUDIO DE LEÃO LEMIESZEK

 
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Por Paccelli José Maracci Zahler

Dando continuidade à coluna PERFIL, neste mês de outubro a Revista Cerrado Cultural (RCC) entrevistou o Prof. Cláudio de Leão Lemieszek, advogado, professor universitário, pesquisador, historiador, apaixonado pela História de Bagé.
Autor dos livros: Bagé , Relatos de Sua História; Bagé , Novos Relatos de Sua História; Governos e Governantes de Bagé - 1964 a 1978; Notícias da Revolução de 1923 em Bagé; e Governos e Governantes de Bagé - 1979 a 1992, ele gentilmente atendeu ao nosso pedido, enviando as respostas por meio eletrônico.

RCC. O que o motivou a mergulhar na História de Bagé?

É certo que ainda adolescente a história já me fascinava. Fui aluno aplicadíssimo nesta disciplina no ensino médio. Mas indiscutivelmente foram os cordéis do destino que me aproximaram definitivamente da história de Bagé.
Encerrada minha participação na administração universitária como Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão da Universidade da Região da Campanha-RS., a reitoria da universidade designou-me para atuar no Museu Dom Diogo de Souza.
Sem formação específica a missão (quase um castigo) era árdua, mas o desafio animador em função do gosto pela história.
Dirigia o Museu Dom Diogo de Souza o eminente Dr. Tarcisio Antônio Costa Taborda, antigo juiz de direito (casualmente minha primeira audiência como advogado no já longínquo ano de 1974, foi presidida pelo Dr. Tarcisio), pesquisador e profundo conhecedor da história de Bagé, além de amigo pessoal.

RCC. Como foi a transição de professor titular da cadeira de Direito das Coisas da Universidade da Região da Campanha - URCAMP a mestre em História pela Universidade de Passo Fundo?

Tarcisio recebeu-me de braços abertos. Abriu o museu para mim. Ensinou-me a história e orientou os primeiros passos na pesquisa. Mais que isso, revelou-me a beleza e a importância da história de Bagé, ainda pouco explorada. Apaixonei-me!
Inicialmente dividia minha carga horária na universidade entre o magistério na Faculdade de Direito e a pesquisa no Museu. Como todas as paixões- e essa é intensa e permanente- em pouco tempo a sedução e a entrega foram totais.
Faltava, contudo - e sempre continuará faltando- suprir das deficiências na área de formação acadêmica e no campo da pesquisa científica, o que buscamos alcançar concluindo o curso de mestrado da UPF, considerado referência na área de história regional.

RCC. Seus livros "Bagé, Relatos de Sua História (1997)" e "Bagé, Novos Relatos de Sua História (2000)", ambos publicados pela editora Martins Livreiro, de Porto Alegre, RS,tratam da organização e do desenvolvimento da cidade de Bagé no início do século XX. Foi muito árduo coletar informações a respeito? Foi possível encontrar pessoas que vivenciaram aquele período e que se dispuseram a colaborar para maior precisão dos fatos?

Idubitavelmente, Bagé teve sua fase de maior exuberância do quarto final do século XIX às primeiras décadas do século XX. Costumo referir em palestras, mesmo como desafio, que neste período não há no RS município com maior importância histórica do que Bagé. Os principais acontecimentos políticos e econômicos do Estado deram-se em Bagé. Basta citar a proclamação da República Rio-grandense, sua participação na Guerra do Paraguai, a Revolução Federalista, criação de partidos políticos. A introdução das principais raças puro sangue bovino e equino. A primeira cidade do Rio Grande do Sul a receber a energia elétrica e o automóvel, etc.
A religiosidade e a cultura do seu povo encanta e torna insaciável a tarefa do pesquisador. Encontrar pessoas que vivenciaram muitos dos fatos históricos acontecidos no município permitiram corrigir o olhar do historiador. Tivemos a fortuna de colher depoimentos de pessoas que participaram na Guerra Civil de 1923 e seus esclarecimentos forneceram subsídios valiosos para desvendar fatos ainda obscuros. O mesmo pode se dizer com relação à Revolução de 1930 e 1964, e ainda com relação ao fortalecimento cultural da cidade e o surgimento do ensino superior em Bagé.

RCC. Como tem sido a receptividade dos seus livros junto ao público leitor, não apenas de Bagé, mas de outras paragens?

Os dois primeiros livros- Bagé Relatos de sua história- estão praticamente esgotados. Como autor não poderia ter satisfação maior. A crítica foi muito receptiva. Esporadicamente, vemo-los citados em outros trabalhos e para nossa surpresa notamos leitores de outros estados e até do exterior.
Mas não podemos dizer o mesmo das obras mais recentes: Governos e Governantes de Bagé, que julgamos trabalho de maior envergadura e dedicação.

RCC.Além de advogar, o senhor é professor universitário e produtor rural. Diante de tantas ocupações, o senhor segue uma rotina de trabalho para escrever seus livros?

Hoje a produção literária está prejudicada com ocupações no Arquivo Público, no Museu. Tento dedicar a manhã para a história e a tarde para advocacia, mas confesso dificuldades.

RCC. Quais seus próximos projetos no campo da História?

A fase é de fermentação em dois temas distintos: imprensa partidária e tradicionalismo.

RCC. Poderia nos falar sobre sua experiência como diretor do Arquivo Público Municipal de Bagé no período 1997/2000?

Foi um período de implantação e conscientização difícil dos órgãos públicos. Hoje, o Arquivo está consolidado e tem reconhecido seu papel e importância, muito graças ao trabalho desenvolvido pelo Prof. Cláudio Boucinha. Seu acervo vem crescendo significativamente nos últimos meses.

RCC. Na sua opinião, o que falta ser escrito sobre a História de Bagé?

Excetuando o extenso trabalho produzido por Tarcisio Taborda e Eurico Salis, recém Bagé vem escrevendo sua história.
Há muito que pesquisar e escrever sobre Bagé urbano, sobre a educação em Bagé, etc. São escassos os trabalhos nas áreas da economia e política face a sua importância regional e estadual.

Expressamos o nosso agradecimento ao Prof. Cláudio de Leão Lemieszek pela entrevista.

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